Nestes tempos de pandemia
temos experimentado uma enxurrada de situações que antes não vivíamos com tanta
intensidade. Houve fases que determinaram o comportamento social.
Há alguns dias, quando foram
noticiados os casos de mortes, na China e na Itália, decorrentes da pandemia do
Covid-19, as pessoas chegavam a mim dizendo que se sentiam mal e me perguntavam
sobre o que era isso que sentiam. Respondi-lhes que este sentimento é a
angústia e perda que nos envolve neste momento. Isso é natural do ser humano, é
o luto que nos abre uma condição de elaboração para passar tudo isso. As
pessoas demonstravam estar aterrorizadas devido à surpresa e a incerteza.
Passados mais alguns dias,
percebemos que continuavam as notícias sobre as mortes, porém, desta vez, estas
já aconteciam aqui no Brasil. Mas, observamos outro comportamento que foi o de
grande número de pessoas em ignorar os acontecimentos. A demonstração da
indiferença e a arrogância. Observamos que alguns destes indivíduos em não
aceitar a condição da pandemia, de suas restrições e cuidados, a minimizavam
como uma gripezinha, coisa passageira, como sem importância, ignorando-a. E
isso foi ruim.
Em meio a tantas informações
e sentimentos contraditórios, vimos o que nunca aconteceu em situações
anteriores. Reações altruístas, de solidariedade nunca vista. Pessoas com muito
pouco ajudando àqueles que não tinham nada. Pessoas que se dispuseram a ajudar
comunidades em doar e utilizar produtos de higiene, porém, se depararam com locais
com falta de água e sem infraestrutura de saneamento básico. De qualquer forma,
o que prevalece é o sentido do positivo e da solidariedade.
Aqueles que estão em
isolamento social, por sua vez, também passam por fases de reações, num
turbilhão de emoções, pois já contam uns quarenta dias de confinamento, num
misto de convivência diferente do que acontecia anterior à pandemia. Por
ocasião, os pais se redobram em atenção com seus filhos, que por terem suas
aulas à distância, ou seja, online, são obrigados a dar suporte em lições de
casa e explicações. Além de seus afazeres em regime de home-office, vídeos
conferências e tudo mais que necessário para manterem seus empregos. Para isso,
tiveram que buscar energias de improviso. A condição de estresse aumenta pondo
em risco o equilíbrio emocional. A perspectiva de incertezas quanto ao futuro
gera a angústia e, a angústia em longo prazo gera a depressão.
Visto isso, assistimos a um
espectro de reações demonstrando que passamos por momentos de transformações e
fica iminente a vinda de outras consequências que estão implícitas e
decorrentes do isolamento social, da redução das atividades do trabalho, da
redução econômica, que promovem o terror e a convulsão social. Pois o medo pode
gerar o terror e a agressividade.
A pergunta que fica é, como
sairemos desta crise?
Celso Rastini Borges
Psicanalista Clínico
@psicanalistacelsorastiniborges
WhatsApp(11)97104-1530
cborges.psic@gmail.com
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