sábado, 9 de maio de 2020

TEMPOS DE TRANSFORMAÇÕES



Nestes tempos de pandemia temos experimentado uma enxurrada de situações que antes não vivíamos com tanta intensidade. Houve fases que determinaram o comportamento social.

Há alguns dias, quando foram noticiados os casos de mortes, na China e na Itália, decorrentes da pandemia do Covid-19, as pessoas chegavam a mim dizendo que se sentiam mal e me perguntavam sobre o que era isso que sentiam. Respondi-lhes que este sentimento é a angústia e perda que nos envolve neste momento. Isso é natural do ser humano, é o luto que nos abre uma condição de elaboração para passar tudo isso. As pessoas demonstravam estar aterrorizadas devido à surpresa e a incerteza.

Passados mais alguns dias, percebemos que continuavam as notícias sobre as mortes, porém, desta vez, estas já aconteciam aqui no Brasil. Mas, observamos outro comportamento que foi o de grande número de pessoas em ignorar os acontecimentos. A demonstração da indiferença e a arrogância. Observamos que alguns destes indivíduos em não aceitar a condição da pandemia, de suas restrições e cuidados, a minimizavam como uma gripezinha, coisa passageira, como sem importância, ignorando-a. E isso foi ruim.

Em meio a tantas informações e sentimentos contraditórios, vimos o que nunca aconteceu em situações anteriores. Reações altruístas, de solidariedade nunca vista. Pessoas com muito pouco ajudando àqueles que não tinham nada. Pessoas que se dispuseram a ajudar comunidades em doar e utilizar produtos de higiene, porém, se depararam com locais com falta de água e sem infraestrutura de saneamento básico. De qualquer forma, o que prevalece é o sentido do positivo e da solidariedade.

Aqueles que estão em isolamento social, por sua vez, também passam por fases de reações, num turbilhão de emoções, pois já contam uns quarenta dias de confinamento, num misto de convivência diferente do que acontecia anterior à pandemia. Por ocasião, os pais se redobram em atenção com seus filhos, que por terem suas aulas à distância, ou seja, online, são obrigados a dar suporte em lições de casa e explicações. Além de seus afazeres em regime de home-office, vídeos conferências e tudo mais que necessário para manterem seus empregos. Para isso, tiveram que buscar energias de improviso. A condição de estresse aumenta pondo em risco o equilíbrio emocional. A perspectiva de incertezas quanto ao futuro gera a angústia e, a angústia em longo prazo gera a depressão.

Visto isso, assistimos a um espectro de reações demonstrando que passamos por momentos de transformações e fica iminente a vinda de outras consequências que estão implícitas e decorrentes do isolamento social, da redução das atividades do trabalho, da redução econômica, que promovem o terror e a convulsão social. Pois o medo pode gerar o terror e a agressividade.

A pergunta que fica é, como sairemos desta crise?

Sabemos que durante este período de pandemia muito de nossos comportamentos foram alterados e estamos percebendo que muito destas alterações permanecerão. Logo, esperamos e desejamos que muitas transformações possam vir a ocorrer positivamente

Celso Rastini Borges
Psicanalista Clínico
@psicanalistacelsorastiniborges
WhatsApp(11)97104-1530
cborges.psic@gmail.com

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